O Sonho


Esse fato aconteceu exatamente na noite do dia 19 para o dia 20 de setembro de 2008.

Como em todas as noites, eu, antes de dormir, acendi um incenso de manjericão, fiz minhas orações costumeiras e fui dormir. Vale lembrar que estava num período de “limpeza espiritual”, tomando banhos de ervas, meditando, usando roupas claras, tudo de acordo com minha religião, o Candomblé.

Nessa noite, me deitei normalmente, e tive um sonho. Sonhei que estava num pátio com chão de terra batida, muros altos com proteção de arame farpado.
Tudo com a aparência de um presídio. À minha direita, havia uma espécie de barraco, com telhas de granito, onde eu via um homem, em cima desse telhado, com uma faca na mão. Á minha direita, eu via um homem com as mãos algemadas (amarradas??), sentado no chão, e eu simplesmente gritava:

- Corra, senão ele vai matar você!

Ele se virava, e eu o reconheci como sendo o André*, um amigo que eu havia conhecido há pouco mais de uma semana.
Ele me respondia:

- Corre também, pois ele pode te pegar!

À minha direita, em frente, havia um beco entre o que parecia ser dois barracos, e foi pra lá que eu corri.
Com o sol forte, eu via a sombra do André atrás de mim, até que de repente não o vi mais antes que eu entrasse no beco. Corri sem olhar pra trás, e atrás desse barraco havia uma mulher com fisionomia comum, mas que eu não conhecia.
Era branca, tinha os cabelos lisos na altura dos ombros, amarrados pra trás, ela me dizia:

-Se você é tão amiga dele, por que não pega essa faca que está na sua cintura e leva pra ele se defender?

Só que o outro vai acabar te pegando!

Eu respondi:

- Não me importa, não posso deixar ele matar o André. Ninguém tem esse direito!

Quando eu me virava, aparecia o André, todo cheio de sangue, com aparência cansada, com o braço esquerdo que parecia estar quebrado, e a faca do outro cara na mão direita.

Eu ia abraçá-lo, e ele me disse:

- Não me abraça, senão vai sujar a sua roupa, ela ta limpa!

Quando eu me olhei, minha roupa tava tão branca, como eu nunca vi antes!

E acordei.

Na segunda feira seguinte, encontrei o André para falar sobre uma bolsa de estudos, e lembrei do sonho. Contei pra ele, e o que realmente me assustou foi o relato que ele me fez do momento da vida dele que ele estava passando:

-Poxa, eu sou cético, como ateu, mas o que você me contou agora me deixou de perna bamba.

Você não sabe, mas eu tenho uma filha de 5 anos. Me separei dela por causa da religião. Ela virou evangélica e foi fazer pregação num presídio. Não sei se antes ou depois de a gente se separar, ela se envolveu com um traficante.
O cara fugiu da cadeia, e eu disse a ela que não quero minha filha perto de gente assim. Então ele me jurou de morte. Só que ele não tem nenhum homicídio por arma de fogo, ele só mata com faca, ou manda outro matar! E a mulher do sonho bate com a descrição da mãe da minha filha. E o beco, é onde eu passo todas as noites, voltando da faculdade pra casa.

Depois desse dia, o André mudou sua rotina, e denunciou o cara pra policia. Ainda não sei o que aconteceu depois, mas sei que ele tá bem.

O que está por trás dos nossos sonhos???

Wévela - Goiania

 

Relatos P2
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