FUGINDO DO LOBISOMEM


"O que seria um simples folclore e o que é real em nosso mundo, onde as portas para o Sobrenatural se abrem onde menos esperamos?" "


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Wilson Dourado de Paula, conhecido jogador de futebol profissional da cidade de Três Lagoas (MS), decidiu não mais sair de casa à noite.
Pelo menos até a Páscoa, quando termina o período da Quaresma.
O motivo, segundo ele, foi a corrida que levou de um lobisomem em um final de semana do mês de Março de 2016.
Dourado, ex-atacante do Comercial de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, tem 23 anos, 1,74 m  de altura e um bom físico de lutador de capoeira.
Mesmo assim afirma não ter encontrado forças nem domínio sequer pra acertar uma pedrada no monstro que o perseguiu por mais de duzentos metros.
         
O atleta conta que era 1:30h da sexta-feira quando retornava de um baile no centro da cidade para sua casa, na Vila Haro, zona Oeste de Três Lagoas [Coordenadas GPS: Latitude / Longitude = 20°48'21.42"S, 51°43'46.01"W].
O bairro tem poucas residências e grande parte de terrenos desocupados.
A três quadras de sua casa ficou curioso com o comportamento dos cães. Eles latiam olhando na direção de um pequeno matagal.

— Achei que fosse algum casal de namorados surpreendido pela cachorrada mas acabei encontrando uma coisa meio bicho meio gente que partiu pra cima de mim em desabalada carreira.
         
Wilson disse que apesar de não haver luzes na rede pública, o luar permitiu observar alguns detalhes da criatura, como olhos grandes e vermelhos, coluna vergada pra frente e uivos assustadores de lobo.
O rapaz só acha que não foi pego pelo bicho porque os cães ajudaram.

Aníbal José Pedro, 34 anos, cunhado de Wilson, disse que o atleta chegou em casa pálido, tremendo de medo e gritando feito louco.
Saltou o portão de dois metros de altura e quase arrebentou a porta pra entrar depressa.
A irmã, Maria Neusa, ficou até as 4 horas acalmando o rapaz enquanto Aníbal vasculhava o quintal em busca de algum vestígio.

— Podem não acreditar em mim, mas é verdade!
- Não desejo isso, pra ninguém, e agora, durante a Quaresma, não sairei de casa à noite.


Quem anda muito só e costuma desaparecer, principalmente nas noites de quartas e sextas-feiras, pode carregar o mal de se transformar em lobisomem. O diagnóstico é do tapeceiro Dirceu Arruda, 52 anos.
Quando morou durante 10 anos na fazenda Santo Antônio, município de Castilho, era um dos suspeitos de se transformar em bicho durante a Quaresma.
Dirceu, que era professor de alfabetização de crianças, nega a acusação com uma gargalhada, mas disse acreditar na existência do lobisomem.

— Quem mora na cidade nunca acreditará, mas na fazenda, onde se pode verificar melhor o efeito da escuridão, acontecem muitas coisas inexplicáveis.

Os lobisomens, segundo ele, são homens de várias idades que não foram batizados na igreja católica quando pequenos e carregam como penitência a transformação temporária em lobos:

— Alguns se trancam em um quarto e só voltam a público depois de passar o período de mutação.

*[Fato real publicado no Correio do Estado de Campo Grande, Mato Grosso do Sul].

 


Colaboração: Henrique Armas
Contato: assombracoes@gmail.com